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Há um ponto nevrálgico em todos conflitos, que é quando ele sai da minha tela de televisão, do noticiário de jornal, da minha vizinhança não tão próxima e começa a ferir e matar aqueles a quem amo.
Daí não há mais ideologias, não há mais crenças, não há mais boas ou más intenções.
A partir deste momento, não importa meu discurso, sou só um ser que o coração sangra, e quero acabar com aqueles que fazem meu coração sangrar tanto.
Não importa o quanto eu os respeite, não importa o quanto eu os defenda: eu os mato.
É neste ponto que esqueço que sei que guerras são travadas em gabinetes e executadas por massas de humanos.
É neste ponto que esqueço que sei que militares são os de gabinete, todos os outros são civis.
É neste ponto que esqueço que sei que se todos os civis parassem no mesmo instante de fazer qualquer coisa ligada às guerras, inclusive sentir medo, guerras não existiriam.
E a guerra se faz.
Para a alegria de alguns e a absoluta desgraça de muitos.
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(março de 2009 - behindthemoon.wordpress.com/2009/03/01/guerra-2/)
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