Aqui no Brasil eu sou branca.
Com privilégios de branca.
Com "passaporte" de branca - se eu for em uma loja de shopping, não vou ser acompanhada por seguranças, ainda mais "do alto dos meus 61 anos".
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Mas se eu tomar sol durante o verão inteiro fico quase marrom. E se tomar cuidado, nem vermelha fico.
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Na família de meu pai, tem um ramo que veio da época dos bandeirantes, com muita mistura com índios e negros ao longo do caminho.
E do lado de minha mãe, italianos. E de outro, brasileiros, com misturas.
Um povo miscigenado, com raças que foram se agregando a "mistura".
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Por tudo que eu disse acima, há muito que cheguei a conclusão que "branca" não seria a melhor definição para mim, eu sou latina.
Eu sou uma latina, fruto da miscigenação brasileira.
Ou uma "não negra" ... será? Se eu fizer um exame genético, a análise posterior vai resistir a esse "não negra"? Porque não terei 100%? Ou 90%? Ou 80%? Ou...
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E daí penso no "povo miscigenado" e chego cada vez mais a conclusão que ser um miscigenado de raças não é exatamente o que é relevante para mostrar o "tamanho do nosso buraco", nós somos um povo miscigenado entre oprimidos e opressores.
E continuamos "elegendo" quem deve ser oprimido e quem pode ser opressor.
Com escalas de direitos e deveres, ainda por cima, por que o "buraco" que gostamos de nos enviar é fundo.
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Eu sou uma latina, fruto da miscigenação brasileira.
E quero aprender a ser humana, sem reivindicar o direito de ser opressor e nem ser colocada no grupo a ser oprimido.
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Humana. E latina.
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Também aqui: https://atrasdalua.wordpress.com/2022/08/01/eu-sou-branca-uma-pergunta/