“Do ser vivo para o todo ( e vice versa) – pontos de partida, de vista, posições em que nosso olhar e nós estamos.”
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Esse texto é uma reflexão sobre as várias questões que as questões abaixo me despertam.
Ou seja, na verdade ele é um encadeamento de questões e reflexões.
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O ser vivo, e como ele é tratado em suas várias instâncias, é um dos meus focos de atenção e pesquisa há muito tempo.
Provavelmente, sem que eu me desse conta, desde a faculdade de veterinária nos idos de 1980.
Mas a partir de meu mestrado (e posterior doutorado) em Vitalismo, quando começaram a entrar em minha vida muito fortemente as questões de matéria, vida, transdisciplinaridade e complexidade, o conceito de ser vivo, e as vivências com questões relacionadas a eles, e como isso afeta o modo como se lida com os seres vivos, chamaram minha atenção.
Aliás, ainda chamam.
E as questões abaixo foram ficando cada vez mais cruciais:
Como você vê o ser vivo?
Como você vê o ser humano?
Como você se vê?
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E pensei em questões que vão crescendo em complexidade:
Pensei (1) também em sistemas vivos, corpos, pessoas, seres humanos, corpos que adoecem, sistemas que adoecem, corpos que inspiram o design, sistemas vivos que inspiram o design.
E (2) pensei em biomimética e em estudo (biologia) e tratamento (medicina, veterinária e cia) que atuam com sistemas vivos.
E (3) pensei aqui, especificamente pensando no movimento e fluxos do ser vivo para o todo (e vice versa) , quais os pontos de vista e de partida do olhar que estes grupos abaixo seguem?
O que eles pensam, mesmo que não se percebam disso, sobre estes fluxos?
O quão claro está a eles, e aos de fora, que quando atuam com e no ambiente de seres vivos, eles tem um ponto de partida, um ponto de vista, pressupostos,
e cia?
Que afeta toda sua visão e atuação?
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Um grupo:
Biológicas e cia; medicinas e cia –
o ser vivo, seu funcionamento, fisiologia e doenças = saúde e doença (fisiologia, fisiopatologia, ecossistemas)
Aqui ocorrem ações de intervenção.
Aqui na saúde/doença (e como se trata esta questão) se observa o longo “embate”, desde sempre, entre anatomia e fisiologia.
O “corpo morto” e o “corpo em funcionamento”.
O outro:
Biomimética e cia –
o design contemplando/se inspirando no ser vivo e na natureza = design (forma e funcionamento, ecossistemas)
Aqui ocorrem muito as ações de observação.
Aqui entram semiótica, o design como algo mais amplo, Lorenz, Varela e Maturana, Gregory Bateson, e cia.
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E aqui introduzo outros dois grupos, e nisso o caso da Teoria dos sistemas e Cibernética é emblemático, um vindo da observação do ser vivo pelo biólogo Ludwig von Bertalanffy que foi pouco considerado por décadas; e outro de linguagens de controle de máquina, por físicos (Norbert Wiener e cia).(1)
O primeiro tinha como ponto de partida e ponto de vista/observação o ser vivo e o que o circundava e como isso funcionava, que inclusive foi extrapolado para não vivos.
O segundo foi de um grupo de físicos e outros do “núcleo duro das ciências” que estavam desenvolvendo uma comunicação para que pudesse haver conversas-controle do humano sobre a máquina e que em determinada época se encontraram em um evento para criar uma agenda comum e conversar melhor sobre.
Posteriormente o que os dois grupos fizeram foi reunido, mas uma dicotomia (e uma questão) permaneceu:
Vir ‘do ser vivo para máquina’ ou ‘vir da máquina para o ser vivo’ são a mesma coisa e nos levam pelos mesmos caminhos?
Isso inclusive alimenta ficções científicas distópicas há muito tempo.
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Mas, e este é o MEU ponto, a aparente dualidade entre os grupos, ou nas realidades apresentadas pelos dois grupos, não se traduziriam como sendo na realidade diferentes vivências e diferentes pontos de vista e/ou pontos de partida?
E que traz outra questão: como lidar com as questões de “única verdade” versus “complementaridade”?
Em questões que envolvem complexidades isso é crucial, e considero que o ser vivo é o ápice da complexidade.
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Teoria dos Sistemas: https://en.wikipedia.org/wiki/Systems_theory
Cibernética: https://en.wikipedia.org/wiki/Cybernetics
Complexidade: https://en.wikipedia.org/wiki/Complexity
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(1) Ainda estou estudando para entender a dinâmica entre os pesquisadores e suas teorias nesta questão.
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Obs: publicado originalmente em 2021 aqui.
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