CAUSAS SEM CAUSA
Algumas expressões me chamam a atenção mais que outras, uma delas é a tal da “vergonha alheia”.
Depois que se entende o que ela quer dizer, “vergonhas alheias” que vi (e vejo) por aí tem o mesmo efeito de “unha raspando lousa”, dói.
A outra é uma hashtag, #prontofalei.
Embora em 2022 esteja meio “datada”, enfim… o que vou falar a seguir segue a linha do #prontofalei.
Pois é… pode ser bonito ter uma causa e morrer por ela. Ou útil. Ou necessário (será?). Ou…
Mas é muito necessário se ter coerência.
Sem coerência, você pode estar dando todo seu suor a algumas causas e sua falta de coerência estar fazendo a soma dar zero.
Zero.
Vamos supor que você defenda o bem estar animal “quase até a morte”.
E vamos supor que você ache que defender a inovação na educação/aprendizagem seja um absurdo, que toda ela tem que ficar como está ou só melhorando o que já se tem, sem essencialmente mudar nada.
Como é que vou dizer isso…
Bom, vou ter que dizer que sem que se considere que a possibilidade de aprendizagens significativas seja essencial para a formação de pessoas que achem a tortura animal um absurdo, estas torturas vão continuar.
E daí eu pergunto: como você não percebeu que suas atuações, somando, deram ZERO?
Atuação em causa nenhuma vale nada (ou tem um alcance limitadíssimo) se seus “causantes” não tiverem o mínimo necessário de coerência.
Ativismo nenhum vale quase nada sem que se tenha o mínimo de coerência.
Veganos que maltratam seus funcionários.
Defensores do bem estar animal que acham normal zoológicos mal administrados existirem.
Pesquisadores que atuam com inovação em agricultura que acham um absurdo defender a agricultura familiar.
Praticantes de comunicação não violenta que agem como loucos em campanhas políticas.
Atuantes em inovação social que tratam vários a sua volta como inimigos e não como discordantes.
“Causantes” que atuam dentre a população de rua e chutam cães a miúde. Ambientalistas que abraçam árvores e queriam que sua irmã morresse. Empreendedores sociais que mergulham em inovação e roubam seus sócios.
Espíritas que estudam a doutrina espírita por anos, mas fazem absurdos quando estão a beira da morte.
Facilitadores de eventos que fazem meditação todo dia e fazem fofocas maldosas sobre outros facilitadores.
Praticantes espirituais que atuam como guias e orientadores de outras pessoas e que em “em off” ridicularizam estas pessoas.
Investidores-anjo que, a princípio, pegam as pessoas da startup que estão investindo “maternalmente no colo” e depois de um tempo os jogam em um precipício “como mamãe águia”, mas sem lhe dar asas…
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O empreendedorismo servidor, dentre outros, tem uma proposição inicial interessante: antes de qualquer coisa, antes de qualquer empreendimento, antes de entrar/mergulhar em qualquer causa, empreenda em você mesmo.
Conheça quem você é.
Conheça seus limites.
Conheça e admita até onde você quer ir.
Conheça e admita até onde você consegue ir.
Veja de verdade quem você é, como você pensa, se sente, reage a várias coisas, etc, etc.
De preferência faça isso com pessoas de confiança junto a você, para que eles lhes mostrem os pontos cegos que você não consegue ver sozinho.
E daí, a partir disso, defenda, mergulhe nas suas causas, empreenda sua vida.
Mas por favor: seja coerente.
Pois é, #prontofalei.
Nesta semana os textos serão mais pessoais.
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Serão publicados textos que estão em :
https://behindthemoon.wordpress.com/
https://atrasdalua.wordpress.com/
https://poempoesia.wordpress.com/
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Porque as turbulências desta semana pedem uma reflexão (que talvez leve a uma inflexão) que só os ares mais poéticos possibilitam.
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