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Algumas coisas só se aprendem fazendo.
E errando.
E fazendo.
E melhorando.
Podemos ser breves ao comentar isso se estamos falando de marcenaria.
Inclusive há cursos muito bons sobre, em diversos lugares e de vários formatos.
Mas não podemos ser breves se estamos falando em engenheiros que constroem pontes, ou médicos cirurgiões, ou assemelhados.
Determinadas atividades, além do bom aprendizado da teoria, exigem uma prática constante para exercê-las com segurança e sabedoria. E melhorar sempre.
Isso é tão antigo quanto as “guildas” ou “corporações de ofício” da idade média, mas aplicada a outro mundo e a outro tipo de exercício de uma função.
Conhecimento e transmissão de conhecimento (prático)
Vivemos em uma época de profusão de dados-informação-conhecimento na web e cia. Fácil obter, mas não tão fácil de entender e “digerir”.
E menos ainda de praticar, dependendo do grau de dificuldade.
Vou usar como exemplo os clínicos praticantes, médicos humanos e veterinários.
Vou usá-lo 1) como veterinária que sou (não clinico mais desde 2000) não me é um ambiente estranho, e 2) por ter convivido muito com médicos de humanos durante meus estudos e atuação como homeopata.
Uma pessoa, humana, estuda por X anos para atender outro humano ou outros animais.
E esse atender envolve a preservação da saúde, sua manutenção, e a volta à saúde em caso de doenças. Ou sua paliação, em caso de estados incuráveis.
Aprender fazendo, vendo, errando, pensando sobre...
Em uma faculdade, você tem a fase do aprender teórico, a fase do aprender prático e depois a aplicação do conhecimento.
O meu ponto é que determinadas profissões precisam de um treinamento pesado mestre-aprendiz.
Porque só se aperfeiçoa na prática.
Mas ao mesmo tempo se está lidando com vidas e é injusto perder vidas por inexperiência, não é justo com o ser tratado, não é justo com o clínico-aprendiz. Porque realmente se aprende fazendo, errando, vendo, pensando sobre, mas ... e é aí que deveria entrar o mestre-mentor do aprendiz.
Conhecimento não é inócuo, não se passa pelo processo de apreensão, compreensão e prática do conhecimento sem modificações profundas.
Nem para repassá-lo.
E tanto quem ensina, quanto quem é ensinado, precisa ser encarado como pessoas e não como “entidades”.
E no caso dos clínicos – e isso me desperta a atenção – tem um terceiro fator, o “paciente”, que também não pode ser despersonalizado e tem que ser contemplado.
Haveria muito a falar sobre isso, mas aqui vou me ater a esta questão da necessidade do mestre-aprendiz, o mestre supervisionando o aprendiz em questões que envolve segurança de uma terceira parte.
Supervisão, sua ética para os pacientes e cia.
Geralmente estas relações são mais críticas em prestações de serviços técnicos que envolvem necessidade de atendimentos de qualidade, para a manutenção da segurança dos serviços.
Médicos, veterinários, engenheiros, professores, enfermeiros, bombeiros, etc.
No caso dos clínicos, uma relação mestre-aprendiz que deixe o aprendiz minimamente capacitado para fazer um atendimento de qualidade e seguro deveria existir em todas faculdades de medicina.
E um aperfeiçoamento constante e uma supervisão periódica também deveria existir. Para segurança dos clínicos, dos outros profissionais que o rodeiam e dos pacientes.
Mas como todo o processo está estruturado, a pessoa é lançada no mercado quando se forma e a partir deste momento, que se vire sozinha.
Passa a ter poucos colegas e muitos concorrentes.
Passa a ser um indivíduo e “morre” a pessoa.
Que deve tratar de outras pessoas, mas acaba só conseguindo tratar de indivíduos.
A equação não fecha, impossível algo assim dar certo.
A ética submerge junto com a pessoa.
E… como resolver isso? Como se está resolvendo isso? Como emergimos disso no pós pandemia?
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